Um amor de vizinha e a morte da comédia romântica
José Geraldo Couto
10.10.14
Um amor de vizinha, de Rob Reiner, é o atestado de esgotamento das comédias românticas. Se Melhor é impossível, do mesmo roteirista, ainda era uma diluição aceitável do gênero, o novo filme é a diluição da diluição, em que não sobrou uma única ideia original, um único momento de brilho.
Sem pena e os corpos fora do lugar
José Geraldo Couto
03.10.14
O sistema carcerário é tema do documentário de Eugenio Puppo, Sem pena, vencedor do prêmio do público no recente Festival de Cinema de Brasília. Numa época em que candidatos a cargos eletivos só falam em botar mais gente na cadeia, o filme mostra a falência do sistema penal, em seus princípios e em seu funcionamento.
Brasília em transe: um festival histórico
José Geraldo Couto
24.09.14
A edição do Festival de Brasília encerrada ontem foi histórica, não só pela decisão inédita de dividir em partes iguais o prêmio de R$ 250 mil destinado ao melhor filme, mas também pela força das obras exibidas, em especial do longa escolhido pelo júri oficial, Branco sai. Preto fica, de Adirley Queirós.
Era uma vez… um país de imigrantes
José Geraldo Couto
19.09.14
Era uma vez em Nova York, o novo filme de James Gray (Amantes), apresenta Joaquin Phoenix e Marion Cotillard em um melodrama enganoso, que usa a estrutura do gênero, mas evita o maniqueísmo fácil, dando espaço a personagens de naturezas ambíguas.
Rio, eu te amo, entre o cinema e o turismo
José Geraldo Couto
12.09.14
Rio, eu te amo é o novo produto da franquia “Cities of love”, que já tinha homenageado Paris e Nova York. A cidade real, com sua pulsação, sua humanidade única e contraditória, só aparece aqui e ali, quase por acidente, nos dez segmentos dirigidos por cineastas do Brasil e do exterior. No todo, é pouco mais que um filme superficial e turístico.
De menor e a fábula de João e Maria
José Geraldo Couto
05.09.14
Há em De menor um frescor que vem de várias fontes. A mais evidente é o tema atualíssimo do calvário vicioso dos adolescentes infratores, mas há outras: a juventude do elenco principal e da própria diretora Caru Alves de Souza, as locações pouco usuais em Santos e uma elaboração audiovisual híbrida, na fronteira entre o documentário e a ficção.
Woody Allen e o amor como síntese
José Geraldo Couto
29.08.14
Magia ao luar é o filme mais engenhoso de Woody Allen em muitos anos. Sintetiza à perfeição suas reflexões de maturidade a respeito dos mistérios insolúveis da vida. Embora se diga com razão que é mais um escritor do que um cineasta, ele produz aqui momentos visuais muito inspirados.
‘Amantes eternos’ e zumbis efêmeros
José Geraldo Couto
22.08.14
Em seu mais recente filme, Amantes eternos, Jim Jarmusch reinventa o mito do vampiro, transformando o casal protagonista em um depósito do que a cultura humana produziu de melhor ao longos dos milênios. A ambientação da trama na decadente Detroit, por sua vez, é metafórica de uma profunda crise na civilização atual e muito adequada à melancolia predominante no filme.
Não pare na pista, hagiografia ao quadrado
José Geraldo Couto
15.08.14
A cinebiografia do escritor Paulo Coelho, dirigida por Daniel Augusto, derrapa ao tentar construir a história de uma iluminação espiritual. O filme perde a oportunidade de se aprofundar em momentos peculiares da vida do autor, preferindo tratá-lo como uma pessoa predestinada ao sucesso.
Quem lê, ouve e vê tanta notícia?
José Geraldo Couto
08.08.14
O documentário O mercado de notícias, de Jorge Furtado, toma para si aquilo que a imprensa séria deveria fazer: investigar os fatos, contrapor versões. Assim, exibe o poder crítico da imagem e da palavra. Quem está acostumado com o humor dos trabalhos do diretor pode estranhar. Compenetrado na seriedade da discussão, é como se ele não quisesse dispersá-la com brincadeiras.
