No cinema

Truffaut e a vertigem do feminino

José Geraldo Couto

17.07.15

O que torna François Truffaut, tema de megaxposição no MIS de São Paulo, tão querido? Sua filmografia é irregular, com sucessos e fracassos tanto de público como de crítica, incursões nem sempre bem-sucedidas em distintos gêneros. Porém, mesmo em seus pontos mais baixos é perceptível o seu amor ao cinema, a sua entrega plena a essa arte.

Samba e a estética da simpatia

José Geraldo Couto

10.07.15

Samba, de Olivier Nakache e Eric Loredano é perfeitamente sintonizado com o momento. Seu tema é a imigração ilegal na França e parece feito sob medida para agradar a um público que quer um tanto de realismo (mas não muito) e um tanto de crítica social (mas não muito). “Simpático” parece ser o adjetivo que mais se aplica ao filme. Já Neruda – Fugitivo, de Manuel Basoalto, corre o risco de desagradar até mesmo aos fãs do poeta chileno. Um tom verborrágico, solene e autocelebratório contagia todo o filme.

O gorila e o mundo vertiginoso de Belmonte

José Geraldo Couto

29.06.15

Depois de passar três anos na geladeira dos exibidores, O gorila (2012) chega aos cinemas. O filme de José Eduardo Belmonte, baseado em novela publicada de Sérgio Sant’anna, trata de questões centrais de nossa época: a invasão da privacidade, a pornografia virtual, a tênue fronteira entre o real e sua representação. O longa se destaca justamente quando deixa de haver diferença de espessura entre imaginação e fato.

Ouro Preto, memória e ausência

José Geraldo Couto

23.06.15

CineOp, de Ouro Preto, é um dos poucos festivais brasileiros com perfil bem definido e coerente – a preservação do patrimônio audiovisual e seu papel na construção da memória coletiva. Este ano, o eixo central foi a presença negra no nosso cinema. Dois documentários de grande impacto se destacaram na programação: A paixão de JL, de Carlos Nader, e Retratos de identificação, de Anita Leandro.

Coppola, no coração das trevas e da luz

José Geraldo Couto

16.06.15

No cinema norte-americano do último meio século, poucos diretores terão alcançado a estatura e o poder de influência de Francis Ford Coppola, destaque de mostra no Rio de Janeiro que depois seguirá para Brasília e São Paulo. Sua obra, irregular e monumental, sintetiza boa parte da história recente da própria indústria cinematográfica, com a qual sua relação foi sempre de amor e ódio.

A lição contra a lição de moral

José Geraldo Couto

12.06.15

O longa búlgaro A lição, de Kristina Grozeva e Peter Valchanov, tem grandes chances de arrebatar as almas sensíveis que ainda existam nas plateias brasileiras. Premiado em festivais internacionais, o filme trata da odisseia de uma mulher acossada pelo aperto material, que se torna também uma provação moral. O mundo retratado em A lição é opaco e cruel, mas não desprovido de humor, nem de afeto, nem mesmo de uma obscura e retorcida beleza.

Sangue azul e Romance policial: a paisagem como drama

José Geraldo Couto

05.06.15

Ambos protagonizados por Daniel de Oliveira, dois filmes impõem sua força ante cenários de cartão postal, evitando o clima National Geographic. Em Sangue azul, que se passa em Fernando de Noronha, o diretor Lírio Ferreira reforça sua aposta no prazer do espetáculo visual e na onipresença do sexo. Em Romance policial, Jorge Durán introduz elementos pessoais numa narrativa de gênero, situada no deserto de Atacama.

Mad Max, na estrada entre o épico e o pop

José Geraldo Couto

26.05.15

Mad Max – a saga toda, iniciada em 1979 – é o lugar onde se encontram o épico e o pop. O novo filme de George Miller não se trata de requentar uma boa história, muito menos de diluí-la, mas de afirmar sua atualidade. Na verdade, em face dos rumos que o planeta tem tomado, o pesadelo compartilhado pelo cineasta parece cada vez mais próximo, real, ameaçador.

Muito diferente da superprodução de Miller, o longa pernambucano Permanência entra em cartaz e merece ser visto.

O vendedor de passados e teoria da Conspiração

José Geraldo Couto

22.05.15

O vendedor de passados, adaptação cinematográfica do livro homônimo do angolano José Eduardo Agualusa, traz uma ótima história. O filme, por outro lado, não é tão bom. O longa parece não decolar, não levar até o fim as possibilidades de suas linhas de fuga. Falta um empenho mais concentrado de construção da imagem e do ritmo, no rigor e no vigor da encenação.

Japão, Ucrânia, compaixão, brutalidade

José Geraldo Couto

15.05.15

Dois filmes vindos do leste – um do Japão, outro da Ucrânia – inundam as telas brasileiras com a dor humana. Ambos são de diretores estreantes e foram premiados em importantes festivais internacionais. E as coincidências param por aí. Não poderia haver dois filmes mais contrastantes que O desejo da minha alma, de Masakazu Sugita, e A gangue, de Miroslav Slaboshpitsky.