Música

Cruz e delícia para o coração

Helio Ponciano

02.04.12

Benditos os que sabem renovar as linguagens cênicas e nos fazem respirar oxigênio novo. Quando, cansados ou atrofiados pela sensação de um mais do mesmo, nos deparamos com um espetáculo inesperado, podemos voltar para casa mais leves, repensando a vida e o amor e cantalorando a força da música de Verdi.

Millôr em som e imagem

Equipe IMS

31.03.12

Em homenagem ao grande Millôr Fernandes, falecido esta semana, o Blog do IMS relembra o mestre do humor em duas mídias distintas. Veja imagens em preto e branco de Millôr em diversas fases da vida e escute o álbum "Discomunal", da coleção Tinhorão, apresentado pelo comediante.

Luiz Gonzaga dormiu lá em casa

Elvia Bezerra

22.03.12

Tetezinha me contou que numa tarde quente e igual a todas as outras, viu Luiz Gonzaga sentado debaixo do pé de juazeiro, na praça da cidade. No calor de 38 graus a que já era acostumado, mas nem por isso deixava de padecer, ele esperava, resignado, que a d. Lozinha, proprietária da única pensão da cidade, lavasse o quarto que ele deveria ocupar. Aquilo não era tratamento que se desse a um rei. A Tetezinha, que nunca intercedia em favor de alguém que não fosse um de nós, os filhos da madrinha, em parte seus também, voltou pra casa às pressas, encheu-se de coragem e pediu a meu pai que hospedasse o cantor.

O erotismo puro de Bororó

Paulo da Costa e Silva

20.03.12

As duas canções-mestras de Bororó elevam o erotismo que desde cedo embalou a "sensibilidade e o sentimento musical do povo brasileiro" a um nível tão extremo de realização, que nele já não se acha qualquer vestígio de vulgaridade. E o curioso é que esse erotismo puro, decantado, seja alcançado não por uma recusa ou por um distanciamento dos elementos tradicionalmente tidos como vulgares (a carne, o sexo), mas pela exaltação livre destes mesmos elementos.

Nazareth 150 anos: contagem regressiva

Equipe IMS

20.03.12

Guardião do acervo de Ernesto Nazareth, um dos compositores mais importantes do Brasil, o Instituto Moreira Salles sai na frente das comemorações dos 150 anos do compositor e apresenta, na data de seu aniversário de 149 anos - 20 de março de 2012 - um recital no IMS-RJ, além de lançar o site www.ernestonazareth150anos.com.br.

David Foster Wallace e LCD Soundsystem – por Antônio Xerxenesky

Antônio Xerxenesky

17.11.11

O dilema de DFW reside em como compor um texto que ao mesmo tempo reconheça as inovações formais dos modernistas sem esquecer as grandes questões morais dos realistas do século XIX. O dilema de James Murphy, do LCD Soundsystem, está em criar canções que falem ao coração do ouvinte, lutando com todas as unhas contra a autoconsciência paralisante de um artista que sabe muito bem que suas canções são mesclas calculadas de suas influências musicais e que utilizam recortes de outros músicos.

C’est la danse nouvelle, Mademoiselle!

Anaïs Fléchet

20.10.11

Escutando bem, as semelhanças entre "La mattchiche" e o texto musical de O Guarani não são tão evidentes. Nos temas, harmonia, ritmos e orquestração, poucos são os pontos comuns entre a ópera brasileira criada no prestigioso teatro da Scala de Milão em 1870 e a cançoneta ao estilo espanhol lançada nos cabarés de Paris três décadas depois. Sobretudo não explica o formidável sucesso que "La mattchiche" obteve na Europa e na América às vésperas da Primeira Guerra Mundial, iniciando uma série de intercâmbios musicais transatlânticos, quase um século antes da descoberta da world music pelas grandes gravadoras internacionais.

Nelson Cavaquinho, 100

Equipe IMS

18.10.11

Na semana em que completaria 100 anos, Nelson Cavaquinho é homenageado em dois eventos no Instituto Moreira Salles. No dia 25 de outubro (terça-feira), às 20h, os jornalistas Sérgio Cabral e João Pimentel e o escritor José Novaes (autor do livro Nelson Cavaquinho: luto e melancolia na MPB) participam de uma mesa-redonda organizada pelo Museu... Continue reading

A comédia humana suburbana

Francisco Bosco

04.10.11

Como se sabe, após a repressão às utopias políticas dos anos 1960, em meio à tortura e ao exílio, a saída existencial para muitos, nos anos 1970, foi o "desbunde", a contracultura, as experimentações sexuais, comportamentais e com estados alterados da consciência. Galos de briga está distante de tudo isso, da estética hippie e contracultural, mas também das canções de protesto esteticamente ingênuas (sua maior proximidade, a meu ver, é com a obra de Chico Buarque dos mesmos anos). Em suas canções, o que se ouve é clamor político revolucionário e ternura pelo jeitinho suburbano, que é o outro lado da moeda da jeunesse dorée da bossa nova.

Jazz em NYC

Sylvio Fraga Neto

20.09.11

O primeiro que frequentei foi o Village Vanguard, por onde tantos imortais passaram - penso imediatamente em Bill Evans gravando ali, piano-solo, I loves you, Porgy, acompanhado por leves toques de talheres de pessoas jantando em 1960, o que me leva a Miles tocando a mesma música e de novo a Miles tocando Someday my prince will come, música da Branca de Neve cercada de passarinhos e bichinhos da floresta, quando Evans ainda era de seu grupo e quando o trompetista disse, ao colocar um branco na sua banda, "the best mother fucker to ever play the piano" e Evans anos depois tocando a música com seu trio.