Cinema

Um criador brasileiro

José Carlos Avellar

01.10.12

Em qualquer lugar onde estivesse, Alberto Cavalcanti, cujos filmes serão exibidos no IMS durante o Festival do Rio, levava o Brasil consigo. Em todos os seus filmes, do primeiro ao último, realizados em território estrangeiro, em distintos países, num contexto cultural distante do nosso, existe evidente marca brasileira pois é a criação de um homem que, tendo vivido uma densa experiência europeia, vária e contraditória, manteve incólume sua condição nacional.

Julgar a biografia pelo título

Antônio Xerxenesky

14.09.12

De certa maneira, pode-se, com base no título da biografia, especular sobre o modo que o biógrafo lida com o objeto analisado. Por exemplo: James Joyce, de Richard Ellmann, livro que é considerado por muitos como "a melhor biografia já escrita". Ao batizar o volume apenas com o nome do biografado, Ellmann (ou o editor - nunca se sabe quem deu o título final) sugere que aquele representa o texto definitivo: a vida do indivíduo está condensada naquelas centenas de páginas.

Sensibilidade muscular: o cinema de Tony Scott

Alexandre Matias e Heloisa Lupinacci

21.08.12

Antes de se jogar da ponte, Tony Scott havia deixado um bilhete suicida em seu carro, cujo conteúdo ainda não havia sido revelado pela polícia. Mas desconfiava-se que ele vinha atravessando um câncer que havia sido diagnosticado como sendo intratável - a família dele nega. Verdade ou ficção, nessa versão ele decide não perder a briga para a vida e faz como os personagens de seus filmes - assume a responsabilidade e ele mesmo se mata.

Minnesota Nice e o cinismo alto astral dos irmãos Coen

Alexandre Matias e Heloisa Lupinacci

09.08.12

Começa nesta sexta-feira (10/8), no CineSESC, a retrospectiva Irmãos Coen - Duas Mentes Brilhantes, que se dispõe a passar toda a filmografia daqueles que talvez sejam os maiores diretores do atual cinema norte-americano. Ethan e Joel Coen dividem suas funções respectivamente como produtor e diretor de todos seus filmes por questões puramente técnicas. 

O vazio e a ponta preta: Chris Marker (1921 – 2012)

José Carlos Avellar

31.07.12

É bem aí que se encontra o dado singular do cinema de Chris Marker: neste pedaço relativamente pouco importante de sua refle­xão sobre a Europa (e sobre todo o mundo) de um pouco antes até um pouco depois do Maio de 68. Marker fala antes de mais nada de imagens. Ele trata as imagens que formam seus documentários como imagens mesmo, e não como um documento transparente do fragmento de realidade que elas registram.

Como Kubrick dirigiu os filmes da chegada do homem à Lua

Alexandre Matias e Heloisa Lupinacci

30.07.12

Teóricos da conspiração se debruçam há muito tempo sobre o filme que registra a chegada do homem à Lua para denunciar suas falhas e, portanto, sua autenticidade. As teorias mais paranoicas inclusive apontam para a presença de Stanley Kubrick, que, um ano antes da chegada da Apollo 11 à Lua, havia filmado o épico 2001 - Uma Odisseia no Espaço... Nenhuma teoria é tão irresistível quanto a contada no falso documentário Dark side of the Moon, do francês William Karel em 2002.

No reino das sombras

José Carlos Avellar

03.07.12

Com as tripas maiores que o cadáver num quadrado menor que uma tela de cinema, com o doutor que engole em seco e o cadáver que cospe-se no chão, o Fausto de Alexander Sokurov começa a desorientar o espectador. Temos aqui um filme que se apoia na montagem não para colocar as coisas em ordem, mas, ao contrário, para colocá-las em desordem, para desarrumar o arrumado.

A falta que nos faz

José Carlos Avellar

02.07.12

Carlos Reichenbach falava de seus filmes como invenções feitas a partir de uma força impeditiva ou pelo menos limitadora. Filmar não com o que se tem, mas com a falta: para realizar seu primeiro longa-metragem pessoal, Lilian M, relatório confidencial (1974) parou de fazer publicidade, juntou "a sucata do estúdio, equipamento, uma sobra de negativo e uma sobra de herança familiar".

Gripes e gafes: Nora Ephron (1941-2012)

Alexandre Matias e Heloisa Lupinacci

27.06.12

É tudo uma questão de parâmetros. E ontem se foi um deles. Morreu, aos 71 anos, Nora Ephron, a roteirista que atualizou as comédias românticas para o fim do século 20 (Harry & Sally, Sintonia de Amor, Mensagem para Você), que dirigiu adaptações com protagonistas incríveis (Julie & Julia e o remake de A Feiticeira para o cinema - ou você fez pouco e não viu?), a autora do best-seller Heartburn e de livros como Meu Pescoço é um Horror, criadora da seção Divorces do Huffington Post, em oposição ao Weddings and Celebrations, do New York Times

O presidente dos EUA na TV

Alexandre Matias e Heloisa Lupinacci

16.05.12

O seriado Eleições Norte-Americanas faz tanto sucesso que, há tempos, gera uma porção de spinoffs ("filhotes", no jargão televisivo), seriados de TV que tentam mimetizar o ambiente do original, sempre com menor repercussão. Das primárias acaloradas ao Salão Oval, faz tempo que a ficção tenta repetir o sucesso do espetáculo original. Listamos algumas das tentativas recentes da TV de pegar carona no sucesso do showbusiness que é a política norte-americana.