As surpresas da caixinha
José Geraldo Couto
24.06.14
Esta Copa está conseguindo um equilíbrio entre o previsto e o inesperado. É isto o que faz do futebol um teatro vivo, cuja trama se escreve a cada ato, destaca José Geraldo Couto. Quanto ao Brasil, pode muito bem ser campeão. É um dos favoritos, como aliás tem sido há mais de meio século. Mas dificilmente encantará o mundo, a não ser em um ou outro lampejo de Neymar.
As cabeças cortadas de Sergio Bianchi
José Geraldo Couto
20.06.14
Sergio Bianchi usa em novo filme cenas de seu primeiro longa-metragem e reforça a ideia expressa em título de outro: o Brasil é "cronicamente inviável". Entre os temas de Jogo das decapitações estão o oportunismo político de militantes encastelados em ONGs ou na política institucional; e a barbárie que caracteriza desde sempre nossa formação social.
Do “lá fora” ao “aqui dentro”
José Geraldo Couto
18.06.14
A abertura da Europa Ocidental aos atletas imigrantes, naturalizados ou oriundos de ex-colônias, como Balotelli (foto), resultou em equipes multiétnicas e bagunçou os estereótipos que contrapunham a “força europeia” ao “talento sul-americano ou africano”, escreve José Geraldo Couto. A convivência entre quem é "de fora" e quem está "dentro" também tem sido rica para os brasileiros na Copa, como mostrou a aceitação da invasão de torcedores de Gana a um shopping de Natal. Só a polícia continua despreparada.
A melancolia autoirônica de “Avanti popolo”
José Geraldo Couto
16.06.14
Avanti popolo, de Michael Wharman, trata da morte das utopias na figura de um quarentão que retorna à casa do pai (interpretado por Carlos Reichenbach em participação cheia de significados) em busca em memórias do irmão, um dos desaparecidos da ditadura militar. Entre velharias tecnológicas e ideológicas como filmes de super-8 e hinos revolucionários, o protagonista procura dar sentido à história da família.
No país das fraturas expostas
José Geraldo Couto
13.06.14
Como explicar a um estrangeiro que a presidente do país, vaiada e insultada no estádio, é a mesma que lidera por larga margem as pesquisas de intenção de voto? Como justificar tanta polícia para reprimir tão poucos manifestantes? São perguntas que José Geraldo Couto faz na estreia de sua série sobre a Copa. Ele mostra que, nas competições anteriores, o desempenho da seleção não ajudou ou prejudicou governos. Mas que erros da arbitragem como o do japonês no jogo contra a Croácia alimentarão a pitoresca teoria da conspiração da “Copa comprada”.
Como nascem os monstros
José Geraldo Couto
06.06.14
O lobo atrás da porta, do estreante Fernando Coimbra, é um suspense sem fórmulas fáceis que apresenta uma leitura pertinente da realidade brasileira atual. Com Fabiula Nascimento e Leandra Leal, o filme não tem vilões. Em vez disso, mostra o quão terrível é pensar que pessoas normais sejam capazes de atos monstruosos.
Caminho para o nada, janelas para o abismo
José Geraldo Couto
30.05.14
Poucas vezes o cinema se desnudou tão plenamente quanto neste longa de Monte Hellman, que chega a DVD três anos após ter passado praticamente despercebido no circuito comercial. O diretor norte-americano faz um filme dentro de um filme e, a todo momento, puxa o tapete das certezas debaixo dos pés do espectador.
André Bazin: alma do cinema, cinema da alma
José Geraldo Couto
23.05.14
Obra-síntese do crítico francês André Bazin volta a catálogo com nove textos inéditos em português. Antologia da Revista de Cinema e reunião de ensaios do escritor e jornalista Chico Lopes completam trinca de ótimos lançamentos.
Praia do futuro e suas coordenadas
José Geraldo Couto
16.05.14
Em Praia do futuro, o diretor Karim Aïnouz trabalha relações de afeto e incomunicabilidade na vida de um salva-vidas brasileiro que vai até Berlim procurar o namorado alemão. Rotular o longa de filme gay empobrece seu alcance. A relação fundamental da trama é entre o protagonista e seu irmão caçula.
Entre vales, da tragédia à reciclagem
José Geraldo Couto
09.05.14
Longa de Philippe Barcisnki gera desconcerto ao tratar da fragilidade humana e dos reveses do destino. No filme, o ator Ângelo Antonio vive um personagem que passa de membro confortável da classe média a catador de lixo. O fim da história, no entanto, aposta em uma fórmula de redenção que fica aquém do que o enredo e a encenação mereceriam.
